domingo, 27 de julho de 2008

O Doido Quixote da Grande Cidade

Noite já virando madrugada, a temperatura em queda e os risos já cansados das mesmas velhas piadas e histórias já contadas em tantas versões diferentes definem a hora de ir para casa. Do banco de trás do carro, um ébrio Quixote assiste a dança das luzes da cidade. Em seu coração, sentimentos que não pode desabafar com seus fiéis escudeiros, histórias de um amor não correspondido e uma saudade insana da qual era acometido de tempos em tempos por sua oriental “Dulcinéia”. Na frente, alheios a essa angústia, os outros dois errantes costuram as ruas da cidade, recortam a boca do lixo, vasculham pontos bizarros em busca de um moinho de vento ou de outra aventura qualquer, a última da noite, aquela que renderá novas histórias e novas razões para um reencontro.
Numa rua de fama duvidosa, nas cercanias de um meio estádio de futebol o carro para. Motor ainda ligado, faróis acesos, somente a música é desligada enquanto baixam-se os vidros. Da esquerda, surge uma longilínea figura de mulher. Pés maiores do que normalmente se vê calçavam um sapato de salto agulha que a deixava ainda mais alta, pernas firmes e bronzeadas, coxas que exibiam músculos exaustivamente trabalhados em academia, um micro short prateado que, de tão justo, parecia já ter nascido ali, a barriga, também sarada, ostentava um piercing meio exagerado. Os seios eram fartos, firmes demais para não serem “siliconizados”, na garganta subia e descia um pomo de adão, o rosto era delicado e... NA GARGANTA SUBIA E DESCIA UM POMO DE ADÃO?!!!
Num salto, que quase o fez arrebentar a cabeça contra o teto do carro, ele se arruma para ver melhor os detalhes daquela inusitada figura. Impressionado com a extraordinária ilusão montada por aquele invertido que facilmente enganaria um jogador de futebol menos avisado, ele interrompeu a avalanche de asneiras proferidas por seus fiéis escudeiros e, como uma forma de elogio, perguntou: - Tudo em você me parece extraordinariamente perfeito, você não tem uma “unhazinha” encravada por acaso? Ao que o invertido, com voz mais grossa que cantor de blues, lhe respondeu: - Baixinho, feio, pobre, pegando carona no banco de trás e com vontade de dar o cu, ainda pensa que pode encher o saco?!
É meu Dom Quixote, poderia muito bem ter dormido sem essa! Vida que segue...

Um comentário:

ಌಌCristinaಌಌ disse...

Então..rs Aquela Coca era Fanta..rsss