Histórias Nossas de Todos os Dias - Parte III

Terça-feira, 22 de julho. Depois de uma longa jornada de trabalho chego em casa roxo de frio e de fome, o que me faz lembrar de outra história. E vamos a primeira digressão do dia.
Estava conversando com uma amiga (LOIRA) tempos atrás, ela me contando suas venturas e desventuras de final de ano em Camburiú. Num desses contos, ela narra a presença de um grande cão negro com cara de “famigerado”. Tento imaginar até hoje um cachorro com cara de famigerado! Seria a cara do Brad Pitt? Daí o cachorro seria da raça Brad PittBull! Pequena Alimária Loira, famigerado nada tem a ver com faminto! Não mesmo! Acredite! Famigerado deriva do latim “famigeratu”, que tem fama, célebre... blá blá blá...
Talvez você não use “pleonasmos” por esses serem viciosos e acredite que “falácias” são hortaliças cultivadas à margem de “burburinhos” por jovens “normativas” supervisionadas por velhas “regências” e que se houver qualquer descuido as “famigeradas” “onomatopéias” surgirão como uma das sete pragas e devorarão todo o cultivo deixando todos nós sem palavras! Ual!!! Isso ainda vai virar uma crônica! Voltando ao dia 22. Cheguei em casa congelado e “famigerado”, uma forma de acabar com ambos seria fazer um belo copo de Nescau e me empanturrar com pão! Fi-lo! Vasculhando a dispensa encontrei uma lata de atum ralado, “na falta de tu vai tu mesmo!” Abri a lata, cheiro forte, mas estava dentro da validade e pensei, “o que não me mata me deixa mais forte” e vamos à segunda digressão:
Vocês já pararam para imaginar quantas pessoas morreram depois de falar isso? Aquele idiota americano que se matou ao tentar saltar de triciclo sobre 16 carros pegando fogo, será que pensou isso? Quantas overdoses poderiam ser evitadas se essa frase não tivesse sido inventada? Um dia vou encontrar numa lápide “Aqui jaz fulaninho, morreu tentando ficar mais forte”, enfim, derramei o atum no pão e joguei “goela-a-baixo”. Uma hora depois, alguns arrotos, daqueles que servem só para aguçar a memória, para te fazer lembrar o que você jantou, chega ser até engraçado. A televisão para variar não estava colaborando e fui dormir. Duas horas da manhã, contrações abdominais me fizeram crer que estava parindo, mas na falta de um canal vaginal o rebento estava querendo sair pela boca, corri até o banheiro, me ajoelhei perante “Vossa Alteza o Vaso Sanitário” e chamei o centroavante do coxa! HUGO... Caramba! Me senti aquela personagem do exorcista! Uma pasta fétida meio esverdeada saiu até pelo meu nariz, três ou quatro espasmos a mais e o mal-estar passou, joguei uma água no rosto, escovei os dentes e cama-pra-que-te-quero, não deu meia hora e lá estava eu pedindo a benção pro sanitário novamente, desta vez era mais líquido que sólido, as contrações eram tão fortes que por duas vezes coloquei a mão entre as pernas para ter certeza que não tinha vomitado os meus testículos! Na noite mais longa dos últimos anos, repeti esse trajeto cama-banheiro mais umas cinco vezes, na última, resolvi procurar a maldita lata novamente para ler o rótulo, pois já estava imaginando que tinha comido um ouriço do mar e não atum, a coisa vinha arranhando tudo, desde o estômago até a traqueia. Acho que a sensação de vomitar um gato ainda vivo deve ser a mesma. A última digressão do dia! Já imaginou o que deve sofrer uma felina na hora do parto? Aqueles “gatinhos” com as unhas pra lá de afiadas? Imagine então se ele achar que dali cairá numa bacia com água fria? As quatro patinhas abertas, as unhas pregadas nas paredes e ele gritando: - nããããooooo!!!!! Foi assim minha última visita ao banheiro naquela infindável madrugada. Só faltou uma enfermeira com um gato persa de 5 quilos enrolado em um pano branco em seus braços aparecer e me dizer: Parabéns! Você pariu um lindo gatinho! Vida que segue (por um triz)...